O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que foi considerado um aliado do governo em diversas ocasiões ao longo de 2023, surpreendeu na última segunda-feira ao sinalizar uma mudança de postura. De acordo com a coluna do jornalista Ricardo Noblat, do Metrópoles, a análise no Palácio do Planalto é de que Lira busca, agora, se aproximar da oposição, especialmente dos bolsonaristas, visando consolidar seu apoio para garantir a indicação de um aliado na presidência da Câmara em 2025.
A mudança de atitude de Lira levanta especulações sobre as negociações políticas em 2024, com ministros da Fazenda, Casa Civil e Relações Institucionais prevendo um cenário mais desafiador nas negociações com o presidente da Câmara. Isso implica que lideranças como Fernando Haddad, Rui Costa e Alexandre Padilha terão que intensificar seus esforços para avançar nas pautas governamentais consideradas prioritárias.
Para assegurar a eleição de seu sucessor, Lira precisa conquistar o apoio da oposição, que detém uma bancada substancial, superando os 90 bolsonaristas do PL. Dessa forma, pautas que contrariam o governo de Luiz Inácio Lula da Silva tornam-se cruciais na estratégia política do Palácio do Planalto.
O pronunciamento de Arthur Lira na última segunda-feira é interpretado como o primeiro indício de uma nova dinâmica na relação entre o presidente da Câmara e o governo. Após os comentários críticos de Lira, Lula cancelou uma reunião agendada para discutir as prioridades do ano. Além disso, uma reunião no Ministério da Fazenda foi adiada, causando desconforto entre os deputados, que ficaram surpresos com a ausência de Lira no convite. Diante do adiamento, Haddad tentou tranquilizar, afirmando que "está tudo bem" entre o governo e o presidente da Câmara.