A revelação da Operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal em 8 de fevereiro, expõe as artimanhas de uma organização criminosa que se infiltrou no cenário político brasileiro, visando minar a democracia. Os eventos desencadeados destacam ressonâncias da ditadura militar ainda presentes entre alguns brasileiros, desafiando a ideia de seu encerramento em 1985.
Contrariando a visão cética, não se tratava de mero "mimimi" da esquerda, mas de um plano meticulosamente elaborado ao longo de meses. Núcleos organizados se dedicaram a disseminar informações falsas, fornecer apoio logístico e financeiro a manifestações diante de quartéis, respaldo jurídico e doutrinário, bem como monitoramento de autoridades.
A análise da Operação Hora da Verdade, conforme observado pela colunista Eliane Cantanhêde, indica que os caminhos levam não a Roma, mas à prisão do ex-presidente Bolsonaro. As investigações demonstram sua participação ativa nas tratativas, indo além da aprovação da minuta do golpe. Vídeos revelam sua liderança em reuniões que discutiam estratégias criminosas para obstruir eleições e a independência de instituições e autoridades.
Chocantemente, a estrutura do governo brasileiro foi explorada por esses criminosos, que utilizaram recursos públicos para urdir um golpe de estado. O denominado "Inteligência Paralela" monitorava autoridades, incluindo suas localizações, em preparação para detê-las quando o estado de sítio fosse declarado. O Brasil esteve à beira de reviver seu passado sombrio.
É crucial destacar que o golpe não teve início em 8 de janeiro, mas foi planejado por criminosos que iniciaram atacando o sistema eleitoral. A propagação de informações falsas instigou desconfiança não apenas no sistema eleitoral, mas também na eficácia das vacinas, gerando medo e caos. O cenário evoca a obra de George Orwell, "1984", revelando como o medo se torna uma ferramenta para a infiltração autoritária.
A Operação Tempus Veritatis serve como alerta para a necessidade de proteger a democracia brasileira, exigindo uma contenção eficaz da disseminação de informações falsas. Além de punir os responsáveis, é urgente estabelecer leis e mecanismos que impeçam a propagação de fake news, dada a devastação que podem causar. Com um novo processo eleitoral se aproximando, as instituições devem agir para evitar a repetição da história, pois, embora tenhamos saído da ditadura, ela não saiu de alguns brasileiros.
O autor, Arilson Chiorato, é deputado estadual e presidente do PT-PR.