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Manifestações de direita estão cada vez mais polarizadas, diz estudo

 


(Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil)


Há uma década, pesquisadores e estudantes da Universidade de São Paulo (USP) se dedicam ao estudo da polarização política no Brasil, e os dados coletados revelam que as manifestações da direita nas ruas estão se movendo para posições mais extremas. Esse movimento foi evidenciado novamente durante o recente ato em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, que está sendo investigado por suspeitas de articular um golpe de Estado no país.


O Grupo de Políticas Públicas para o Acesso à Informação (GPoPAI) da USP conduziu aproximadamente 50 pesquisas para analisar essa dinâmica. A última pesquisa ocorreu durante a manifestação no domingo passado (25) na Avenida Paulista, convocada pelo ex-presidente. Segundo os pesquisadores, o evento teve a maior adesão desde o final de 2015, indicando um aumento no número de pessoas que se identificam com o espectro político de direita, especialmente associado ao fenômeno do bolsonarismo.


Os resultados revelam que nove em cada dez participantes entrevistados na manifestação se consideram "de direita", e mais de 95% se declararam conservadores, sendo 78% "muito conservadores" e 18% "um pouco conservadores". Essa inclinação à direita tem crescido, diferindo significativamente de eventos anteriores, como a manifestação de março de 2017 em favor da Operação Lava Jato.


Marcio Moretto, um dos coordenadores do GPoPAI, destaca que, embora os participantes se identifiquem como "conservadores", na prática, estão mais alinhados com uma postura reacionária, buscando uma espécie de "revolução para trás" e o resgate de valores do passado.


O estudo também revela elementos simbólicos, como a presença de bandeiras de Israel, associadas a motivações religiosas e ao apoio de evangélicos ao presidente Bolsonaro. No entanto, Marcio Moretto ressalta que o perfil dos participantes nas manifestações não é representativo do eleitorado brasileiro e destaca que a maioria é composta por homens brancos com mais de 45 anos, com ensino superior e residentes na região metropolitana de São Paulo.


A pesquisa entrevistou 575 pessoas durante a manifestação, e os resultados indicam que, embora apoiem Bolsonaro como uma alternativa ao Partido dos Trabalhadores (PT), não necessariamente endossam a aventura golpista ocorrida em 8 de janeiro. Cerca de 61% se mostraram contrários à decretação de estado de sítio em 2022, indicando uma posição mais moderada em relação a medidas extremas.


O Grupo de Políticas Públicas para o Acesso à Informação destaca ainda a dificuldade de monitorar redes sociais devido a restrições de acesso e ressalta a necessidade de regulamentação para garantir mais transparência nesse meio. O contexto da manifestação está inserido em um cenário em que Jair Bolsonaro é investigado por sua suposta participação em um golpe de Estado, conforme revelado em discursos recentes e ações criminais da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal.

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