(Foto: AEN)
Um levantamento divulgado pelo Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (IPEA), baseado em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD Contínua), revela um aumento de 3,1% na renda média habitual
proveniente do trabalho em 2023.
Segundo o estudo, em dezembro de 2023, a renda média
habitual real do trabalhador brasileiro alcançou R$ 3.100. Esse valor
representa um acréscimo de 0,7% em relação ao mês anterior (R$ 3.078) e um
aumento de 3,9% em comparação com dezembro de 2022 (R$ 2.985).
Conforme a classificação do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), a renda habitual consiste na remuneração mensal
recebida por empregados, empregadores e trabalhadores por conta própria, sem
considerar acréscimos ou descontos esporádicos.
Outro ponto destacado no estudo é que, no segundo trimestre
de 2023, a renda média superou a observada no mesmo período de 2019, marcando a
primeira vez desde o início da pandemia de Covid-19 em que esse valor foi maior
(0,6%).
Os maiores aumentos na renda em comparação com o quarto
trimestre de 2022 foram registrados nas regiões Norte (4,1%) e Nordeste (4%),
entre os trabalhadores de 40 a 59 anos (4,1%) e com ensino médio completo
(3,2%). A única exceção foi entre os trabalhadores com ensino fundamental
completo, que apresentaram uma queda na renda.
Em contraste com anos anteriores, a renda habitual das
mulheres apresentou um crescimento interanual superior ao dos homens durante
todos os trimestres de 2023. No quarto trimestre, o aumento entre as mulheres
foi de 4,2%, enquanto entre os homens foi de 2,5%.
No entanto, o 1º Relatório Nacional de Transparência
Salarial e de Critérios Remuneratórios, publicado pelos Ministérios das
Mulheres e do Trabalho e Emprego, revela que as mulheres ganham, em média,
19,4% a menos que os homens no Brasil. Esse relatório foi elaborado com base
nas informações registradas no eSocial, sistema federal de coleta de dados
trabalhistas, previdenciários e tributários, e contou com a participação de
49.587 empresas com 100 ou mais funcionários em todo o país, referentes ao ano
de 2022.
Conforme apontado pelo Portal Verdade, a disparidade
salarial entre homens e mulheres tem crescido no país desde novembro passado
(veja detalhes aqui).
Contratações predominantemente no setor privado e sem
registro formal lideram esse cenário. Segundo a pesquisa, os empregados do
setor privado sem carteira assinada foram os que mais experimentaram aumento
anual na renda no quarto trimestre de 2023, com um crescimento de 6,9%.
Por outro lado, os trabalhadores do setor público e os
empregados com carteira assinada tiveram aumentos de 3,9% e 2,1%,
respectivamente.
A advogada Bianca Peres destaca a preocupação com a
constatação de que salários mais altos oferecidos por algumas empresas sem um
vínculo formal podem acarretar prejuízos a médio e longo prazo.
"Eles não fornecem estabilidade, acesso a férias, 13º
salário, seguro-desemprego, entre outras garantias. Ao longo do tempo, essa
diferença, embora muitas vezes não seja significativa, deixa de ser atrativa,
considerando que o trabalhador estará totalmente desprotegido", adverte.
No que diz respeito aos diferentes setores, houve uma
diminuição da renda no transporte (-1,7%) e na construção (-3,8%) no quarto
trimestre de 2023 em comparação com o mesmo período de 2022. Enquanto isso, os
trabalhadores da indústria (5,7%), do comércio (5,9%) e da administração
pública (4,6%) registraram os maiores aumentos no último trimestre do ano
passado.