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Frente ampla para a vitória

 


Geraldo Alckmin e Lula (Foto: Ricardo Stuckert / PR)



Luiz Manfredini


Não restam dúvidas de que a vitória de Lula, em 2022, deveu-se, fundamentalmente, à formação de uma frente ampla para além dos territórios da esquerda, reunida em torno de um único objetivo: derrotar Bolsonaro e a extrema-direita por ele representada. Não fosse assim, estaríamos hoje sob o tacão de um neofascismo em marcha para destruir a nação.


É de se indagar: o instrumento tático da frente ampla constituída em torno de Lula foi apenas um fenômeno pontual do cenário político brasileiro de então ou sua validade se estende, como orientação tática para situações eleitorais posteriores, em quaisquer níveis?


A verdade é que a extrema-direita brasileira cresceu geometricamente a partir das manifestações de junho de 2013, quando conseguiu apropriar-se de um movimento popular legítimo e marchar para a deposição da presidenta Dilma Rousseff, criando as condições para a eleição de Jair Bolsonaro em 2018. Este segmento extremo do arco político também cresceu em muitos outros países. Não é objetivo deste breve artigo examinar a natureza da extrema-direita e as causas do seu vertiginoso crescimento, mas apenas registrar o fato e pensar em como enfrentá-lo.


Pensemos nas eleições municipais de outubro em Curitiba, levando em conta um preceito recorrente na obra política de Lênin: análise concreta da situação concreta. Ou seja, sem ilusões, sem fantasias. Tal método nos levará a uma questão primordial da ação política: definir com precisão quem é nosso inimigo principal e qual sua força. Penso que, no campo democrático e progressista, particularmente na esquerda, a resposta é uma só: o bolsonarismo e, no caso das eleições, os candidatos por ele apoiados. Sua força ainda é grande, algo visto na manifestação de 25 de fevereiro, na Avenida Paulista. Na conservadora Curitiba, então, essa força é ainda maior. Haveria algo politicamente maior do que derrotar o bolsonarismo em outubro? O interesse particular de um partido ou outro, uma conveniência? Não creio.


A questão seguinte é como enfrentar e derrotar inimigo tão poderoso. Penso que a resposta é essa: unindo o máximo de forças contra ele. Parece óbvio, não? Não importam as disparidades políticas ou ideológicas dessas forças, se elas estão dispostas a unir-se contra um inimigo que, em maior ou menor grau, lhes é comum. Como dizia Deng Xiaoping, “não importa se o gato é preto ou branco, desde que cace os ratos”. Este é, portanto, o caminho das forças democráticas e progressistas de Curitiba.


Não é hora de partidarismos, de competição entre programas, é hora de união para derrotar os candidatos apoiados por Bolsonaro. A não ser que nos alienemos da realidade, pouco importando se o bolsonarismo vencer, desde que o programa do nosso Partido – e somente ele – seja posto em debate, na expectativa exclusivista de ampliar seu prestígio na cidade. Essa, a meu ver, é uma visão curta e deformada da realidade concreta. As eleições de outubro preparam a sucessão presidencial de 2026. Vitorioso, o bolsonarismo terá acumulado forças para nos enfrentar com vantagens mais tarde. Será que isso não importa aos defensores de candidaturas próprias? Para eles quem é o inimigo principal no presente?


As articulações em torno do deputado federal e ex-prefeito Luciano Ducci, como pré-candidato à prefeito, expressam uma iniciativa de frente ampla capaz de derrotar a direita em Curitiba. Que não se faça política olhando pelo retrovisor. Se isso fosse feito na eleição de 2022, Geraldo Alckmin, para citar um exemplo mais eloquente, não seria candidato a vice-presidente e Lula perderia um apoio importante dos segmentos que acompanham o ex-governador paulista. Acaso a presença de Alckmin está atrapalhando o governo e seus planos?


Sei que os defensores de candidaturas próprias – deste ou daquele partido – pensarão seriamente a respeito, pois são lutadores e lutadoras sinceros pela causa democrática em nosso país.

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